Jonathan Crary é professor de Arte Moderna e Teoria na Universidade de Columbia (EUA) desde 1989. Seus estudos se voltam sobretudo à formação da cultura visual contemporânea. Colabora em revistas como Artforum, October, Cahiers du Cinéma e Domus, entre outras. Em 1986, foi um dos fundadores da Zone Books, que publicou autores como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Giorgio Agamben. No Brasil, já foram traduzidos dois de seus principais livros, Técnicas do observador: visão e modernidade no século xix (Contraponto, 2012) e Suspensões da percepção: atenção, espetáculo e cultura moderna (Cosac Naify, 2013).
A disponibilidade para consumir, trabalhar, compartilhar, responder, 24 horas por dia, 7 dias por semana, parece ser a tônica da contemporaneidade. Jonathan Crary faz um panorama vertiginoso de um mundo cuja lógica não se prende mais a limites de tempo e espaço. Uma sociedade que funciona sob uma ordem que põe à prova até mesmo a necessidade de repouso do ser humano - a última fronteira ainda não ultrapassada pela ação do mercado.
No entanto, o capitalismo já se movimenta no sentido de se apoderar dessa esfera da vida: é o caso, por exemplo, das pesquisas científicas que buscam a fórmula para criar o "homem sem sono". Embora o sono não possa ser completamente eliminado, pode ser profundamente atingido. Estudos sobre formas mais eficazes de tortura e sobre a criação de um estado de vigilância mais duradouro, que eram inicialmente restritos ao campo das técnicas militares, hoje visam atingir também trabalhadores e consumidores.
Passando por referências como Godard, Deleuze, Aristóteles, Arendt e inúmeras outras, o livro ressalta ainda a importância do universo onírico, ameaçado pelas visões atuais que "tratam o sonho como um mero ajuste autorregulatório da sobrecarga sensorial da vigília". 24/7 - capitalismo tardio e os fins do sono é uma instigante e perturbadora análise da realidade contemporânea.